E nos preocupamos em ser legais,
e queremos ser aceitos.
Quando a interação humana poderia ser o reflexo
de buscar coisas em comum,
de se divertir abertamente.
Fluidos, simples, soltos,
livres de couraças e vergonhas.
Sem ter que agradar.
Leves.
E temos que pensar e correr atrás
de formas e locais pra se manter.
Estratégias.
Pra conseguir viver dias mais parecidos com os que sonhamos,
ou menos diferentes.
Quando nossos dias poderiam ser apenas a base,
o começo, a energia,
que nos impulsionaria a guerrear contra os que minam nossos sonhos.
E assim somos distraídos,
despistados.
A cada dia lutando por migalhas.
Conquistas que poderiam ser pressupostos.
E a máquina corre. Vibra.
E ela não nos incomoda o quanto poderia.
Tanto que toda ação seria uma batalha,
e toda batalha seria um gozo. Orgasmo.
Um pouco de sonho.
E ela exige estabilidade.
Ela se alimenta de monotonia.
E rápida, engole nossos planos.
Nos puxa de volta pra dentro.
Nos faz pensar que um dia estivemos perto da saída.
ela tenta complicar nossos amores e amizades
tira de nossas mãos
de nosso controle
nossas necessidades mais básicas
nossa comida
nossa água
nossa merda
nos ataca com produtos
com concreto
com crises existenciais
com empecilhos pra nossas ações
com impedimentos pro nosso prazer
…e cansados… no fim do dia…
…não temos energia…
…ou tempo… ou formas…
…de combatê-la frente a frente…
…de incomodá-la realmente…
….de se incomodar profundamente…
e revidar.