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gabi

E o que dizer? E como dizer?
Quando as referências já não se encontram
Quando os pontos de acordo não são suficientes para a compreensão
E o que se há de fazer? E o que se há de sentir?
Se nossa capacidade de sentir já foi jogada fora, menosprezada, dispensada?
E agora o que dizemos, se falamos tanto sobre resgatar o sentir
mas só aprendemos o pensar? O pensar em oposição à alienação.
E como dizer que sentir é nosso e que sentir é fruto da alienação ensinada?
E o que dizer se falamos em sentir, mas continuamos falando e dizendo?
Produtos de nossas reflexões.
E o que sentimos? Sentimos, afinal?

Dependemos das mesmas referências para conversar?
Precisamos do mesmo contexto pra entender o que passamos?
Devemos entender tudo assim tão profundamente pra conseguir cooperar?
E o que de mais poderia alguém com o mesmo contexto
e as mesmas referências trazer como auxílio?
Se queremos construir algo novo e melhor
não devemos justamente contar com essa diversidade, esse lado de fora,
esperando que a cada palavra aquilo pode ou não
abalar tudo o que se tem a dizer.

Já não se sabem de ninguém
Só se sabem de si

E os vários eus e as várias individualizações
Insistentemente querendo entender o que de tão confuso em si
Frustrados em fracassar
Querendo sempre ser compreendidos
Mas incapazes de acrescentar o novo.

Os vários sis, os vários eus
Diversas individualizações
Nem tão diversas, nem tão individuais
Sonham entender o que há de tão confuso nas suas próprias entranhas
Frustrados pelo fracasso
Buscam com insistência
Ser compreendidos
E se sentem sós, desolados
Não são capazes de gerar sua própria completude
Haverá o que se completar, de fato?

Se dissolver
Até deixar de ser uma estrutura profunda e complexa
Que precisa ser compreendida e completada.

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