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taís

Já te perguntaram o que é amor?
Me perguntaram esses dias, no meio de uma conversa.
Eu lá sei o que é amor! Mania besta essa de ficar definindo as coisas.
Desconstruir hábitos sem criar novas definições
não parece mais interessante?
Que o amor não seja nada, pra que não tenha limites.
Aliás, desde quando o amor virou o sentimento por excelência?
A melhor coisa a se sentir?
Preso ou livre, a idéia de amor não anda fugindo muito disso.
E o que seria ele
além de uma palavra inventada e usada até desgastar?
Não acredito em tipos definíveis de sentimentos,
bons ou maus em essência.
Pra mim, parecem mais sensações
que fluem e atravessam, tudo por todos os lados.
Se pensar já indica o adoecimento dos olhos,
ficar classificando, dando nomes, tentando definir o que é o quê,
deixa o corpo todo apodrecer.
Deixa as palavras pra lá!
Pra que eu preciso saber o que é amor
quando me sinto leve sentada na praia, vendo o sol se pôr?
Preciso mesmo saber explicar o que é cada coisa
pra franzir a testa ao som de motores e buzinas,
fumaça entrando no nariz,
e o bafo quente do asfalto fritando a pele?
Por que eu ia querer dar nome pro que sinto
quando olho nos olhos de alguém e fico bem,
à vontade, simples assim?
Eu de nada quero saber.
Quero infinitas possibilidades. Tantas, que nada mais haja pra saber.
Também não quero tentar aprisionar momentos e sensações
em lembranças vazias de um passado que não existe.
Prefiro deixar que energias novas passem.
E agir. Criar bons usos. Promover bons encontros.
Criar juntos um mundo onde caibam muitos mundos.
Onde diferente não exista
porque já se extinguiu a noção ilusória do igual.
Onde nada seja. Tudo se movimente, se transforme.
Onde nada signifique, nada tenha sentido. E tudo possa contecer.

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