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Yo mango, ¿y tú?

Yomango, pra quem não conhece, é uma estratégia anti-capitalista de descompra. Ou seja, de reapropriação dos nossos direitos e/ou necessidades pra vida. Uma forma de adquirir sua comida, sua roupa, ou o que precisar, sem mediação de dinheiro.
Roubo, furto. Chame do que quiser. O que couber na sua mochila é seu.

Yomango pra nós é uma estratégia, uma ferramenta. Um meio e não um fim. Vinculada também  à transformação subjetiva de seus desejos. E não uma forma barata de se manter o luxo e a futilidade de uma vida consumista.

Vamos postar aqui então tudo o que pensarmos, a partir de nossas experiências, que possa ajudar a pôr em prática essa estratégia. Se você também tiver algo a acrscentar, mande pra gente por e-mail: dofundo@riseup.net.

Posted in Yomango..


Novas sobre mochilas

Tenho viajado agora não com esses mochilões de viagem grandões, não (tipo 60 litros pra cima). Só com essas mochilas pequenas mesmo, de 30 a 40 litros só. E quanto mais confortável a mochila melhor.

Tenho levado apenas uma ou duas trocas de roupa, uma toalha de rosto, caderno (e/ou livro) e estojo, carteira, canivete, e rango. É interessante levar alguma coisa pequena, resistente e leve pra comer (como castanhas), mas eu sempre acabo levando pães, biscoitos, maçã, laranja, pepino ou cenoura. E uma ou duas garrafinhas de água (muito importante!).  Basicamente isso. E o lance é você ir tentando arranjar rango pelo caminho mesmo, tipo colher fruta pela estrada, pedir comida ou frutas pelos estabelecimentos e casas no caminho.

E a roupa naquele esquema de usa uma enquanto a outra seca e vai trocando assim. Mas é bom levar calça e casaco pra qualquer coisa. E aí no caso de levar barraca e colchonete, tenta arranjar uns esquemas bem leves e pendurar na mochila. O importante é você estar confortável, e preparado pro caso de ter que andar muito, ou mesmo sair correndo do nada, sabe? E aí o resto dá pra ir se virando no caminho, rs.

E nada de ir acumulando pertences pelo caminho, hehe. O lance é ir trocando, renovando, doando…..

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gabi

E o que dizer? E como dizer?
Quando as referências já não se encontram
Quando os pontos de acordo não são suficientes para a compreensão
E o que se há de fazer? E o que se há de sentir?
Se nossa capacidade de sentir já foi jogada fora, menosprezada, dispensada?
E agora o que dizemos, se falamos tanto sobre resgatar o sentir
mas só aprendemos o pensar? O pensar em oposição à alienação.
E como dizer que sentir é nosso e que sentir é fruto da alienação ensinada?
E o que dizer se falamos em sentir, mas continuamos falando e dizendo?
Produtos de nossas reflexões.
E o que sentimos? Sentimos, afinal?

Dependemos das mesmas referências para conversar?
Precisamos do mesmo contexto pra entender o que passamos?
Devemos entender tudo assim tão profundamente pra conseguir cooperar?
E o que de mais poderia alguém com o mesmo contexto
e as mesmas referências trazer como auxílio?
Se queremos construir algo novo e melhor
não devemos justamente contar com essa diversidade, esse lado de fora,
esperando que a cada palavra aquilo pode ou não
abalar tudo o que se tem a dizer.

Já não se sabem de ninguém
Só se sabem de si

E os vários eus e as várias individualizações
Insistentemente querendo entender o que de tão confuso em si
Frustrados em fracassar
Querendo sempre ser compreendidos
Mas incapazes de acrescentar o novo.

Os vários sis, os vários eus
Diversas individualizações
Nem tão diversas, nem tão individuais
Sonham entender o que há de tão confuso nas suas próprias entranhas
Frustrados pelo fracasso
Buscam com insistência
Ser compreendidos
E se sentem sós, desolados
Não são capazes de gerar sua própria completude
Haverá o que se completar, de fato?

Se dissolver
Até deixar de ser uma estrutura profunda e complexa
Que precisa ser compreendida e completada.

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roberta

Assim foi. Assim será.
E assim me ensinaram.
E assim nos ensinam.
Por que a vida é assim?
Porque quisemos assim.
Porque queremos assim.
Todo dia. E a cada novo dia.
Cada palavra, cada ato.
Cada escolha que chamamos de dever.
Cada decisão que nomeamos destino.
O destino será o vazio.
Cavando o seu próprio fim.
E era só parar de cavar.

Não é o pior. Não é o melhor jeito de se viver.
Jeito de seguir, de fazer, escolher.
Mas certamente não é o único.
Milhões e milhões de seres, lugares, vidas.
Um único sistema. Uma única organização.
Auto-destrutiva.
Não por essência. Mas por se querer única.
Vida em larga escala. Raiva em larga escala.
Solução em larga escala. Sempre falha.

Corações de concreto. Olhos robotizados.
Toque matemáticos.
Corpos conceituados.
Automaticamente seguindo.
Frigidamente se amando.
O vazio de uma sobrevivência dormente.
O limite da razão mata a fluidez da vida.
E essas palavra que nem fazem mais sentido.
E já nem consigo dizer.

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bruna

Meu corpo diz e eu já não sei ouvir.
Alguém que saiba tudo de quase nada,
que me dê um remédio
que cesse a dor. Que cale meu corpo.

O corpo que já não é parte de mim.
Eu que já não sou parte do mundo.

Um remédio para calar,
                para acalmar,
                para partir.

A natureza em partes.
   Os seres em partes.
    O corpo em partes.
Em busca de micro-partículas inseparáveis
já não fazemos parte de nada
Nada de liga. Partidos.

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Para informações e colaborações!

     Então…. finalmente pensamos em criar um e-mail pra contato, rs.

     Se você quiser conversar com a gente, perguntar por informações que ainda não tenham no blog (caso a gente saiba…), dar sugestões, ou mesmo mandar textos e informações pra gente postar em alguma sessão, manda um e-mail pra dofundo@riseup.net.

     Nossa intenção com esse blog é facilitar uma vida menos mediada por dinheiro, por isso tentamos juntar dicas e informações em qualquer estratégia nesse sentido. O blog tem sido construído lentamente, mas com muita paixão hehe (até por isso a lentidão, rs).

      Abraços e beijos. Esperamos que o blog aos poucos ajude a todxs 🙂

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elaine

Acordei e o dia era cinza.
Dormi muito e o sono não acabou. Cansaço resiste.
Me arrasto durante o dia.
Me irrito, resmungo. Me magoam.
Vasculho o passado. Choro. Saudade.
Frio na barriga. Ansiedade insistente.
Fome. Vontade de comer.
Doces anestésicos engordurados.
Por que estou aqui? Já nem sei mais.
Os dias se repetem.
Quais eram os planos mesmo?

Perigo! Sinais inconfundíveis de tédio!

tédio preguiça preguiça tédio
o que eu vim fazer aqui mesmo?

nada dá certo, não adianta tentar – tédio
as horas não passam e já se passaram meses – tédio
não tem fuga não tem saída – tédio
me sinto sozinha, solidão amarga – tédio

sem criatividade pra escrever
sem inspiração pra desenhar
sem concentração pra ler
Fome. Vontade de comer.
Tédio.

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amanda

     Era feriado.
     E quando acordei já haviam começado. Ou não tinham parado ainda. Difícil dizer. Buzinando, furando, acelerando, gritando, freando. Cada um a sua maneira. E a sinfonia é ininterrupta.
     Pelo apartamento, mobília morta e plantas de plástico. Algumas mudinhas sufocadas num cantinho da área de serviço. E os gatos. Domesticados. Deslocados. À nossa imagem e semelhança. Se divertem com objetos da casa. E com a gente. As gentes. Maior contato com natureza de que dispõem.
     Grades na janela da sala. Proteção. E lá fora, o sol se esconde atrás de prédios e fumaça. Já desanimado em levantar. E no alto, acima de tudo, o cara, o tal de redentor. Pra nos lembrar que somos uma sociedade cristã. Apesar do que se diz sobre liberdade de expressão e crença.
     Precisando de ar fresco resolvi conhecer o Parque Lage. 10 minutos andando. Árvores, árvores… caminhos cimentados, banquinhos, monumentos, estacionamento, seguranças. Aberto das 8 às 18. E gente pra todo lado. "Você queria o quê num feriado?"
     Pois é. Erro meu.
     Uma semana antes, a mesma coisa. Cachoeira do horto. Sábado de manhã. No caminho, um corredor de mansões. Trilha mapeada e emplacada. E lá? Excursão de escoteiros. "Ninguém mandou ir pra lá de fim de semana."
     É simples assim. Sem meio termo. Sem escapatória. A natureza que encontramos aqui é domesticada. Nos tornamos seres (vivos?) solitários, domesticados. Praga que se espalha por todo canto, com seus ruídos, odores e cores. E não contentes, domesticamos toda forma de vida que alcançamos. Tudo ao nosso dispor. É tudo o que temos. Caminhos pré-moldados e lazer cheio de regras e restrições.

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Escravas da biologia? (por Helena)

     Os tecnocratas lhe dirão como acabar com o patriarcado. 
     Emancipação é assimilação: as mulheres serão libertadas pela tecnologia, porque ela permite às mulheres se tornarem independentes de seu contexto físico para, de fato, se tornarem homens. Por isso, liberação significa masculinização, por recursos tanto psicológicos como tecnológicos. 
     Por meio da inovação tecnológica, as mulheres devem ser livradas dos fardos da esfera corporal, que já foram praticamente transcendidos pelo outro sexo.
     A feminista liberal Shulamith Firestone escreve sobre a necessidade de contraceptivos e tecnologias de parto para libertar as mulheres da "tirania da reprodução"; a gravidez sendo, como ela coloca, "barbárie". Fertilização in vitro, clonagem, transferência de embriões e ectogênese, o crescimento de um feto fora do útero, vão salvar as mulheres da "deformação temporária do corpo do indivíduo para o bem da espécie". 
     Supostamente, o caminho para acabar com a opressão patriarcal é libertar as mulheres de serem, nas palavras de Judy Wajcman, "escravas da biologia". O filósofo de direitos animais Peter Singer junto com Deane Wells argumenta que as feministas desejariam "ver as pesquisas de desenvolvimento de uma ectogênese total progredirem com a rapidez devida" porque isso "daria uma contribuição fundamental a caminho da igualdade sexual". Outros argumentos feitos a favor da ectogênese, como considerado por Robyn Rowland no artigo "Of women born, but for how long?" ("Nascidos das mulheres, mas por quanto tempo?"), são de que o ambiente artificial seria mais seguro do que o útero de uma mulher, que a pré-seleção do sexo seria simples, que as mulheres poderiam ser esterelizadas permanentemente, e, obviamente, que as mulheres seriam poupadas do desconforto do parto. 
     Tecnologias de reprodução resultam na degradação de funções físicas; elas impõem e tornam possível a visão do corpo como um aparelho. Essa imagem do corpo não somente o reduz a sua função (não sei se foi bem isso que ela quis dizer), como também sugere que as funções biológicas das mulheres são em grande medida ineficientes em comparação com as realizadas artificialmente.
     Maria Mies, como descrito por Wajcman em seu livro Tecno-feminismo, considera o progresso tecnológico como a destruição dos vínculos naturais entre os organismos e seus menores elementos, a fim de reagrupá-los como máquinas. Tecnologias reprodutivas e genéticas são meios de conquistar o que Mies descreve como a última fronteira da dominação dos homens sobre a natureza. Poderia ser acrescentado que "homens" nesse contexto se refere a possuidores de uma visão de mundo masculinista mais do que a um sexo específico, como ilustrado por Firestone e outr@s.
     Como observado por Leon Kass em "A nova biologia", a despersonalização da procriação é acima de tudo um processo de profunda desumanização. Procriação não é apenas a produção de novos seres humanos, mas é em si uma atividade humana. Além disso, os novos métodos médicos resultaram na separação da mãe e do feto, que eram antes considerados como um durante a gravidez, e resultaram no tratamento da criança ainda não nascida como um "paciente" independente, com mais direitos às vezes que a mãe. A mãe não é mais um elo necessário entre o feto e o mundo exterior, e a influência dos especialistas penetraram profundamente no corpo feminino. 
     O problema com as tecnologias reprodutivas é grandemente o do controle; o controle sobre a gravidez e sobre seu próprio corpo é transferido da mulher para os peritos médicos. A criação de um ser humano se torna um processo de engenharia, algo que, como Rowland nota, é bem ilustrado pela terminologia usada; óvulos são "colhidos" e o interior do corpo de uma mulher é um "ambiente uterino", linguagem que serve para mecanizar e desumanizar a mulher.
     Rowland também nota como o termo enganoso "mãe substituta" é usado para a mulher que realmente carrega a criança produzida por nove meses, quando isso é feito em favor de casais estéreis. Como Rowland coloca: "A mulher não é de maneira alguma uma substituta e é de fato a mãe biológica da criança. Nomeando-a substituta, empresas comerciais podem controlar e explorar mais facilmente a gravidez de uma mulher negando sua relação biológica com a criança".
     Entretanto, tecnologias de reprodução são levadas a frente como instrumentos da luta feminista. É válido notar, contudo, que apenas a fisicalidade das mulheres é considerada limitada e inconveniente. O verdadeiro problema, é claro, é que qualquer coisa que diverge do ideal masculino na sociedade patriarcal é considerada negativa, e que a sociedade é estruturada para tornar tudo o que se afaste da norma um problema; a visão do sexo feminino como um fardo é uma construção cultural óbvia, embora normalizada e reafirmada ao longo da história. 
     Robyn Rowland expressa isso bem pela citação: "Kass comentou ‘que os adventos desses novos poderes para a engenharia humana significam que alguns homens são destinados a fazer papel de deus, a recriar outros homens a sua própria imagem". Onde estará o lugar das mulheres nessa sociedade? Será que nós somos obsoletas, permanentemente improdutivas, descartáveis?" A procriação é um doloroso lembrete de nossa dependência à esfera física, e da dependência dos homens às mulheres. É também, como experienciado por muitas mulheres que escolhem não ter filhos, um componente importante de nossa definição cultural de sexo.
     Assim como a pílula nos é vendida com argumentos de liberdade, em vez de riscos de sérios efeitos de atitude, estamos agora aprendendo a menosprezar nosso sexo o suficiente para comemorar a posse de suas funções por cientistas e máquinas. Rowland continua: "Como Roberta Steinbacher diz: ‘Quem inventou isso, quem produziu isso, quem autorizou isso, quem distribui isso? Mas quem morre disso?’".

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Bolos

     Eu tenho uma receita de bolo básica, que eu mesma fui testando o que dava mais certo pra mim e tal, e vou fazendo alterações dependendo do sabor do bolo:

     Joga numa vasilha duas xícatas de açúcar com 3/4 de xícara de óleo vegetal e mistura bem. Acrescenta 3 xícaras de farinha de trigo e uma colher de chá de sal e mistura de novo. Acrescenta duas colheres de chá de fermento em pó e dá mais uma misturadinha rapidinha. Aí joga uma xícara de água, mistura; mais uma de água, e mistura. 
     Pronto. É só despejar numa assadeira unstada com óleo e farinha de trigo e pôr pra assar no fogo mínimo (180º) por uns 40 minutos. Depois disso, vai abrindo o for e espetando alguma coisa p ver se sai sem nada grudado, e vê se a cor tá boa também.
     Quando estiver pronto, é bom não tirar do forno logo de cara, pra ele não murchar. Desliga o forno e deixa o bolo lá esfriando. E é bom desenformar (se for o caso) só quando ele já estiver frio.

     A partir daí, dá pra ir mudando conforme os sabores:
     Prum bolo de frutas, é só colocar suco no lugar da água (laranja ou abacaxi, por exemplo) ou leite de coco prum bolo de coco. No bolo de banana eu misturo, antes da água, uma banana amassada, e pôr cima do bolo coloco umas fatias de banana e cubro com açúcar e canela. Dá também pra substituir uma parte da farinha por farinha integral, fubá, farinha de milho; jogar pedaços de goiabada; acrescentar na massa uma xícara de cacau em pó.

     Enfim, o importante aí é ir testando e inventando. Tem gente que faz bolo com açúcar mascavo, sem óleo, com fermento caseiro, ou bicarbonato de sódio e vinagre…

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